Este
trabalho se insere em um campo de discussão que relaciona estudos de
gênero, de mídia e da infância – especialmente na medida em que voltado
para a discussão e problematização sobre as formas pelas quais meninos e
meninas vêm sendo enunciados midiaticamente. Assim, o objetivo desta
pesquisa é analisar como a mídia, em especial o cinema, tem posicionado a
criança como sujeito do amor romântico.
O
presente artigo busca compreender a atuação da documentarista Zana Briski,
co-diretora do documentário Nascidos em Bordéis, em uma perspectiva da
educomunicativa. Neste sentido, evidenciaremos seu projeto, pós-documentário,
“Crianças com câmeras” (Kids With Cameras), como uma proposta de incentivo a
construção da cidadania, a partir do pressuposto básico do exercício do direito
de todos à expressão e à comunicação. Nesta pesquisa, compreendemos
Educomunicação como a inter-relação entre Comunicação e Educação, a qual se
insere em uma trajetória histórica que busca refletir sobre a relação dos meios
de comunicação com a vida social e do espaço educativo por estes permeado. O
artigo faz uma análise da proposta do citado documentário como uma grandiosa
contribuição para o entendimento da Educação como prática de liberdade a partir
do protagonismo do público-alvo contemplado.
O
objetivo deste artigo é discutir a organização imagética do gênero documentário
a partir de dois materiais que colocam em evidência a imagem da criança: Promessas
de um Novo Mundo (2001), de Justine Shapiro e B. Z. Goldberg, e Nascidos
em Bordéis (2004), de Ross Kauffman e Zana Briski. O que importa aqui é
trazer para a educação um debate contemporâneo sobre as imagens que nos cercam
cotidianamente, especialmente quando têm como mote a narrativa sobre a
infância. Assim, num primeiro momento, são apresentados alguns elementos da
constituição dessa linguagem específica. Em seguida, passa se à
análise dos filmes em questão e, em especial, à forma como são dadas as
relações de veracidade a partir das imagens e da construção das respectivas
narrativas. Paralelamente a isso, discute-se, mais amplamente, sobre imagens
que nos fazem pensar na medida em que colocam, lado a lado, crianças, abandono,
miséria e morte.
Este
trabalho pretende explorar os conceitos de cinema, infância e educação e
algumas das suas possíveis relações. Ele consiste numa busca teórica em
diálogo com diversos teóricos e cineastas em função de ler as idéias de
cinema, infância e educação tomando como eixo a experiência. Na primeira
parte apresentamos algumas teorias do cinema e uma breve reflexão acerca
do cinema como experiência. Na segunda, exploramos o conceito de infância,
seu surgimento e agonia, assim como sua relação com a linguagem
onde encontramos a experiência. Na terceira, abordamos a educação desde
uma perspectiva prática, seguindo a psicologia russa e pensando na possibilidade
da vivencia como unidade de análise da relação entre sujeito e mundo real e
imaginário. No final, aproximamos algumas possibilidades da vivencia do cinema
em tanto nos introduz no processo de projeção-identificação, aproximando-nos a
nossa infância, ao outro e a fazer da educação uma experiência.
JOSE DE SOUZA MIGUEL LOPES - O CINEMA DA INFÃNCIA
Neste texto
analisaremos o modo como a infância se faz presente na História do cinema.
Prestaremos particular atenção a uma temática muito freqüente no cinema sobre a
infância, que designaremos por "narrativas iniciáticas". Em seguida,
o nosso olhar irá incidir sobre o modo como a infância tem sido trabalhada pela
cinematografia dominante. Em contraponto, finalizaremos com uma abordagem a
outras cinematografias que buscam, em alguma medida, romper com as formas
banais de tratar a infância.
Este
artigo tem o objetivo de apontar que, ao longo dos últimos 25 anos, as
políticas públicas, desenvolvidas pelo Estado brasileiro, no âmbito do
audiovisual e infância, foram ganhando, cada vez mais, uma forte justificativa
cultural para sua implantação, o que até então parecia estar muito mais
restrito à esfera educativa. Tal direcionamento pode ser explicado por estudos
e legislações nacionais e internacionais que, desde a segunda metade do século
XX, vinham indicando novo lugar para a infância na sociedade. Hoje, a defesa de
uma política pública de produção audiovisual para a infância, não apenas pelo
viés educativo, mas também cultural, parece estar compreendido, disseminado e
assimilado por gestores públicos e sociedade, o que não significa, na prática,
a sua efetiva concretização.
ELÍ
HENN FABRIS - CINEMA E EDUCAÇÃO: UM CAMINHO METODOLÓGICO.
Este
texto apresenta uma descrição analítica da experiência de uma pesquisadora em
educação, que utilizou textos fílmicos em suas pesquisas. Nesse exercício,
explicitam-se as condições atuais da relação entre cinema e educação e pesquisa
em educação e a aproximação com duas filmografias (a hollywoodiana e a
brasileira). Mostra-se a produtividade da articulação entre Estudos Culturais e
os estudos foucaultianos em uma análise “visual crítica”. Comentam-se as
principais pesquisas e estudos que ajudaram a tecer a trama metodológica
apresentada e se descreve o making of das investigações. O processo
que, didaticamente, se denomina como metodologia de pesquisa será o foco deste
artigo.
Este artigo aborda – através do
filme O pequeno Nicolau - como o cotidiano escolar e o currículo são tecidos
através das redes de conhecimentos e significações (Alves, 2012) e de modo
“caótico” com o embasamento teórico de Orlandi (2011). O filme apresenta a
professora de Nicolau, sua relação com os estudantes e os desafios do cotidiano
escolar que busca superar. Exibido em cineclubes para professores, estudantes
de graduação em Pedagogia e licenciaturas, o filme nos proporcionou “conversas”
enriquecedoras, o que vem sendo tido como metodologia nas pesquisas com os
cotidianos. As imagens, os sons e as narrativas são compreendidas neste
trabalho como “personagens conceituais” (DELEUZE, 1992). As situações em que o
trabalho docente é apresentado nos despertaram para as questões curriculares
que os praticantes enfrentam no dia-a-dia para defender sua autonomia, o que é
problematizado com as ideias de Oliveira (2004, 2011). Ainda que a ficção se
passe na França, em 1950, as questões apresentadas se tornaram pertinentes ao
contexto educativo brasileiro.